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quinta-feira, 27 de junho de 2019

Mês do Orgulho LGBT+ : Sugestões de Leitura




    Então, queridos, como vão? Desde o último artigo eu pensei que demoraria para voltar aqui e despejar outras tantas palavras aqui, mas eis que os meios de comunicação e um monte de canais do Youtube me lembraram de qual mês estamos e poxa vida, lá vamos nós de novo. Prometo ser breve desta vez, pois todo mundo precisa descansar, inclusive donas de blogs flopados...

    Pra quem ainda não sabe, o mês de Junho além de ser o mês das festas Juninas e de tomar quentão até não aguentar mais, é também o mês em que pessoas de todo o mundo relembram um acontecimento ocorrido em Nova York que marcou a história da luta pelos direitos dos LGBTQ+: a Revolta de Stonewall.



    Stonewall Inn é um bar localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan, e que na madrugada de 28 de Junho de 1969, foi invadido pela polícia. A desculpa para a batida era puramente baseada no preconceito e no policiamento moral babaca da época:

    "Ao longo dos anos 1950 e 1960, o Federal Bureau of Investigation (FBI) e os departamentos policiais continham listas de homossexuais conhecidos, seus estabelecimentos favoritos e seus amigos; o Serviço Postal dos Estados Unidos acompanhava os endereços para onde material referente à homossexualidade era enviado. Os governos estaduais e locais seguiram o exemplo: os bares que atendiam aos homossexuais eram fechados e seus clientes eram presos e expostos nos jornais. 
    As cidades realizavam "varreduras" para "livrar" bairros, parques, bares e praias de pessoas gays. Eles proibiram o uso de roupas de outro gênero sexual e as universidades expulsaram professores suspeitos de serem homossexuais. Milhares de homens e mulheres homossexuais foram humilhados publicamente, agredidos fisicamente, demitidos, encarcerados ou institucionalizados em hospitais psiquiátricos. Muitos viveram vidas duplas, mantendo as suas vidas privadas secretas e separadas das suas vidas profissionais."

 
À esquerda, o triângulo rosa que identificava os presos homossexuais do regime Nazista; à direita, bandeira do Orgulho Gay dava um novo significado ao símbolo.

    Diferente do que muitos possam pensar, o fim da Segunda-Guerra Mundial e a revelação de todos os seus horrores e atrocidades cometidas contra diferentes grupos minoritários não trouxe significativas mudanças para homossexuais e transexuais, nem qualquer outra categoria da sigla LGBTQ: as pessoas desses grupos continuavam sendo vistas como párias sociais e discriminadas na maior parte dos lugares e instituições. Mesmo prisioneiros dos campos de concentração nazistas que tivessem sido presos por serem gays ou lésbicas, dentre outros, tiveram qualquer compensação ao serem libertados, pelo contrário: alguns foram mesmo reencarcerados porque as leis de seus países de origem criminalizavam qualquer conduta que saísse da norma de comportamento estritamente heterossexual e cisgênero (o contrário de transgênero). 


Alan Turing, matemático responsável por decifrar os códigos alemães na Segunda Guerra. Sua contribuição para derrotar os nazistas não o livrou de ser forçado pelo governo britânico à castração química em 1952. Cometeu suicídio em 1954.


    A resposta diante de tanta opressão culminou naquela noite, quando aproximadamente 205 pessoas se revoltaram contra essa situação e resistiram as prisões sem justificativa, causando um tumulto que durou SEIS DIAS de acordo com a minha pesquisa e chamou atenção para a causa. Pessoas saíram feridas de ambos os lados, mas o sentimento foi de resistência e orgulho:



    "Todos nós tivemos um sentimento coletivo, como se já tivéssemos aguentado o suficiente desse tipo de merda. Não era nada tangível que alguém dissesse nada a mais ninguém, era apenas como se tudo ao longo dos anos tivesse acontecido naquela noite em particular, em um lugar particular, e não foi uma demonstração organizada ... 

    Todos na multidão sentiam que nunca iam voltar. Era como a última gota d'água. Era hora de reivindicar algo que sempre tiraram de nós ... Todos os tipos de pessoas, por todas as razões diferentes, mas na maior parte era uma indignação total, uma raiva, uma tristeza, tudo combinado, e tudo simplesmente funcionava. Era a polícia que estava fazendo a maior parte da destruição. Nós realmente estávamos tentando voltar e nos libertar. E nós sentimos que finalmente tínhamos liberdade, ou liberdade, pelo menos, para mostrar que exigíamos liberdade. 

    Nós não iríamos caminhar humildemente durante a noite e deixá-los nos empurrar por aí - é como estar no seu território pela primeira vez e de uma maneira muito forte e isto surpreendeu a polícia. Havia algo no ar, uma liberdade muito atrasada, e vamos lutar por ela. Tinha formas diferentes, mas a conclusão era de que não iríamos embora. E não fomos." Michael Fader (fonte




    Após o ocorrido, os moradores do Greenwich se uniram à causa e apoiaram grupos de ativistas que lutavam pelo estabelecimento de lugares onde gays e lésbicas pudessem frequentar sem receio de serem atacados pela polícia ou pelo típico "cidadão de bem" da época. Em Junho de 1970, as primeiras marchas do Orgulho Gay aconteceram em Nova York, Los Angeles, São Francisco e Chicago, comemorando o aniversário dessa data. E todos e todas viveram felizes para sempre... 

    Só que não.

   Minorias sexuais continuam até hoje a ter de lutar para conquistar e manter seus direitos reconhecidos no Brasil e em muitos outros lugares do mundo. Com o passar do tempo, o movimento agregou outros grupos sociais que sempre existiram na verdade, cujas demandas eram ignoradas e reprimidas pela visão política e médica ultrapassadas, como é o caso dos transexuais e transgêneros, por exemplo.





    Atualmente, a sigla LGBT+ é usada para incluir grupos que até pouco tempo atrás não eram reconhecidos, como os intersexuais e os assexuais, por exemplo. Falar de representação e de inclusão é um tema complicado, pois é uma luta que passa pelo racismo, pelo machismo, e pelo conflito de classes sociais. Sem falar nas pessoas com necessidades especiais que também se encaixam em alguma parte dessa sigla e acabam enfrentando ainda mais dificuldades para serem aceitos e exercerem alguma autonomia quanto a isso, principalmente quando o suporte familiar falta.

    Ainda tem muito chão nessa caminhada, mas isso não significa que não possamos apreciar o momento atual e principalmente esse boom de obras privilegiando a diversidade em todas as suas formas. Então em homenagem ao mês, fiz um compilado de livros que falem sobre ou tragam alguma representação da sigla. Tentei ser o mais inclusiva possível, mas como não tive muito tempo pra pesquisar nem para ler todos os livros, peço compreensão a quem estiver lendo. Essa não é uma lista de livros que eu tenha lido (alguns sim, mas não todos), é mais como uma sugestão. Sintam-se livres para sugerir outros nos comentários, inclusive.

    Sem mais delongas, vamos ao nosso arco-íris literário:




L, de lésbicas

    Acho que a maioria das pessoas sabe, mas não custa repetir: lésbicas são mulheres que sentem atração sexual e/ou romântica por outras mulheres. Elas não são mulheres traumatizadas por homens (pelo menos, não é isso que as faz serem lésbicas), nem são mulheres que ainda não "acharam o homem certo": elas gostam de mulheres e o modo como se vestem não significa que elas queiram ser homens. Como alguém uma vez disse no Twitter "Um doce daqueles com formato de minhoca continua sendo um doce, e não uma minhoca.". Mulheres lésbicas costumam sofrer com machismo além da homofobia, portanto é muito importante apoiar a luta delas por maior visibilidade e políticas públicas de saúde e segurança. Respeita as minas, e confiram as sugestões de leitura para elas:



Coletânea Lesbohistórica - Várias autoras


Disponível para leitura online aqui

Sinopse:  

"Nos últimos meses, várias autoras se reuniram para escrever contos situados em diversas épocas e lugares da História. A única exigência: que tivesse um casal lésbico. O resultado você encontra aqui."


    Como fã de ficção histórica em geral, essa coletânea logo me chamou atenção. Ela traz seis histórias diferentes retratando casais lésbicos em diferentes lugares e épocas, esbanjando romance e drama, mas sem cair nos clichês de sempre. Ainda não terminei de ler todos os contos, mas dos que eu li, destaco "Desabrochar", da L.K. Mazaki e  "Apesar", de Laleska Freitas. Com certeza, na minha lista de leituras a terminar, só me falta o tempo!







Conectadas - Clara Alves


Sinopse: 

    "Ser uma garota gamer não é fácil. Principalmente quando um romance está em jogo.
Raíssa e Ayla se conheceram jogando Feéricos, um dos games mais populares do momento, e não se desgrudaram mais — pelo menos virtualmente. Ayla sente que, com Raíssa, finalmente pode ser ela mesma. Raíssa, por sua vez, encontra em Ayla uma conexão que nunca teve com ninguém. Só tem um "pequeno" problema: Raíssa joga com um avatar masculino, então Ayla não sabe que está conversando com outra menina.
    Quanto mais as duas se envolvem, mais culpa Raíssa sente. Só que ela não está pronta para se assumir — muito menos para perder a garota que ama. Então só vai levando a mentira adiante… Afinal, qual é a chance de as duas se conhecerem pessoalmente, morando em cidades diferentes?     Bem alta, já que foi anunciada a primeira feira de Feéricos em São Paulo, o evento perfeito para esse encontro acontecer.
    Em um fim de semana repleto de cosplays, confidências e corações partidos, será que esse romance on-line conseguirá sobreviver à vida real?"

    Ainda não li esse livro, mas me chamou a atenção por ser voltado para o público mais jovem e por ter uma personagem negra logo na capa. Eu sei que isso pode não parecer muito importante para algumas pessoas, mas eu posso contar nos dedos livros que tragam pessoas de outras etnias nas capas, então eu acho que isso é algo a se considerar. A trama também me parece interessante para o público pré-adolescente, o que é sempre bom, pois é justamente nessa época que muitos LGBTs se "descobrem", então livros assim ajudam a compreender um momento que pode ser cheio de medos e boas surpresas também.





G, de Gays

    Ou homens que sentem atração sexual e/ou amorosa por outros homens.

    Praticamente a letra mais lembrada da sigla, também sofrem com preconceito e encabeçaram a luta pelos direitos LGBT+, recebendo mais visibilidade talvez pela própria hipocrisia da sociedade que condena comportamentos visto como fora do "padrão de masculinidade" nos homens, ao mesmo tempo em que retrata gays como eternamente sofredores ou como "alívios cômicos", relegados a serem o melhor amigo "chaveirinho" da protagonista de uma série ou filme.

    Felizmente, foi-se o tempo em que só havia Brokeback Mountain (que não é ruim, pelo contrário): atualmente os gays podem amar ou se entediar com livros como "Me chame pelo seu nome", o que significa ter histórias mais diversas que não são necessariamente sobre ser gay, mas que possuem personagens com essa sexualidade e outros conflitos que são comuns a muita gente. Confira mais abaixo:
 




Um milhão de finais felizes - Vitor Martins


Link

Sinopse: 

    "Jonas não sabe muito bem o que fazer da vida. Entre suas leituras e ideias para livros anotadas em um caderninho de bolso, ele precisa dar conta de seus turnos no Rocket Café e ainda lidar com o conservadorismo de seus pais. Sua mãe alimenta a esperança de que ele volte a frequentar a igreja, e seu pai não faz muito por ele além de trazer problemas.

    Mas é quando conhece Arthur, um belo garoto de barba ruiva, que Jonas passa a questionar por quanto tempo conseguirá viver sob as expectativas de seus pais, fingindo ser uma pessoa diferente de quem é de verdade. Buscando conforto em seus amigos (e na sua história sobre dois piratas bonitões que se parecem muito com ele e Arthur), Jonas entenderá o verdadeiro significado de família e amizade, e descobrirá o poder de uma boa história."

    Esse livro me encantou bastante, por ser uma história bem humorada e ainda assim, muito séria sobre um garoto recém-saído do ensino médio que não sabe bem o que vai fazer da vida e ainda tem de lidar com o fato de ser gay numa família bastante rígida e preconceituosa. A religião aparece como uma das causas desse preconceito que o Jonas enfrenta com os pais dele, e é uma situação que reflete muito a realidade do LGBT brasileiro. Ainda assim, é um livro que me fez rir muito, mesmo que no caminho eu tenha deixado rolar algumas lágrimas. Lido e aprovado com certeza!





Garoto de Sorte - Jade Sand


Sinopse: 

    "Dez mil reais por um fim de semana inteiro: essa é proposta que Alexandre, um GP iniciante que não está nos seus melhores dias, recebe de um cliente misterioso. Nem mesmo o estágio recém-iniciado em uma construtora e os clientes indicados por um amigo são suficientes para pagar as contas atrasadas, e por isso ele precisa de dinheiro com urgência.
    Exclusividade por tempo indefinido: é o que pede o mesmo cliente depois do programa. Intrigado e seduzido, o jovem Xandy atende aos caprichos do homem que parece bom demais para ser de verdade.
    Charmoso e cheio de artimanhas, o cliente, que prefere ser chamado de Chefe, o levará a um mundo onde o sexo e o dinheiro são vícios, e o prazer é um remédio passageiro.
Sexo vicia. Dinheiro e poder também.
Romance gay para maiores."

    Em tempos de Cinquenta Tons de Cinza, que querendo ou não, foi um sucesso enorme de vendas e ajudou a visibilizar o já popular gênero da literatura erótica, é bom descobrir livros que mereceriam fazer sucesso de modo semelhante por possuírem muito mais qualidade: Garoto de Sorte se destaca por ter uma narrativa fluida e com personagens e cenários que lembram outras histórias do gênero, mas que trazem uma pegada mais criativa, eu diria, com aquele toque de humor e de mistério simplesmente envolvente.
     Nesse livro, ao menos, eu posso dizer que se encontra uma visão mais realista do gênero. Ainda não terminei de ler, mas já recomendo fortemente pra quem é maior de idade e gosta de romances picantes.


B de bissexuais

 

    O "B", do LGBT não é de banana, pasmem! Bissexuais são pessoas que sentem atração sexual e/ ou romântica independente do gênero, em proporções semelhantes ou diferentes, dependendo da pessoa. Bissexuais costumam sofrer preconceito tanto de heterossexuais quanto de homossexuais por serem erroneamente vistos como "passando por uma fase", ou necessariamente promíscuos, pois "ficariam com qualquer um", o que é uma ideia absurda. Existem bissexuais monogâmicos e que valorizam fidelidade, assim como existem aqueles que preferem viver relacionamentos abertos ou poligâmicos, do mesmo modo que existem héteros que se sentem melhor assim. Quem pensa isso dos bissexuais pelo jeito vai é pirar quando eu chegar aos pansexuais, mas continuemos com as indicações de livros sobre o assunto: 





Todos nós adorávamos caubóis - Carol Bensimon




Sinopse: 

    "Cora e Julia não se falam há alguns anos. A intensa relação do tempo da faculdade acabou de uma maneira estranha, com a partida repentina de Julia para Montreal. Cora, pouco depois, matricula-se em um curso de moda em Paris. Em uma noite de inverno do hemisfério norte, as duas retomam contato e decidem se reencontrar em sua terra natal, o extremo sul do Brasil, para enfim realizarem uma viagem de carro há muito planejada. 

    Nas colônias italianas da serra, na paisagem desolada do pampa, em uma cidade-fantasma no coração do Rio Grande do Sul, o convívio das duas garotas vai se enredando a seu passado em comum e seus conflitos particulares: enquanto Cora precisa lidar com o fato de que seu pai, casado com uma mulher muito mais jovem, vai ter um segundo filho, Julia anda às voltas com um ex-namorado americano e um trauma de infância. Todos nós adorávamos caubóis é uma road novel de um tipo peculiar; as personagens vagam como forasteiras na própria terra onde nasceram, tentando compreender sua identidade. Narrada pela bela e deslocada Cora, essa viagem ganha contornos de sarcasmo, pós-feminismo e drama. É uma jornada que acontece para frente e para trás, entre lembranças dos anos 1990, fragmentos da vida em Paris e a promessa de liberdade que as vastas paisagens do sul do país trazem. Um western cuja heroína usa botas Doc Martens."

    Eu vi esse livro num vídeo sobre recomendações com o tema bissexualidade. Ainda não li, mas me chamou a atenção por ser uma obra que se passa no Brasil, então é outro na minha lista de leituras para o futuro.






Carry on - Rainbow Rowell



Sinopse: 

    "Simon Snow é um bruxo que estuda numa escola de magia na Inglaterra. Profecias dizem que ele é o Escolhido. Você pode até estar pensando que já conhece uma história parecida. O que você não sabe é que Simon Snow é o pior escolhido que alguém já escolheu. 

    Poderosíssimo, mas desastroso a ponto de não conseguir controlar sequer sua própria varinha, Simon está tendo um ano difícil na Escola de Magia de Watford. Seu mentor o evita, sua namorada termina com ele e uma entidade sinistra ronda por aí usando seu rosto. Para piorar, seu antagonista e colega de quarto, Baz, está desaparecido, provavelmente maquinando algum plano insano a fim de derrotá-lo. Carry on é uma história de fantasma, de amor e de mistério. Tem todos os beijos e diálogos que se pode esperar de uma história de Rainbow Rowell, mas com muito, muito mais monstros."

    Eu recebi a recomendação desse livro de uma amiga, mas ainda não li. (beijos, Miky!) Me parece um pouco com Harry Potter a sinopse, mas vou deixar para julgar após a leitura. É um livro de fantasia para um público pré-adolescente, provavelmente, e ao que parece agrada bastante quem é fã de yaoi. Vale conferir.


T de Trans (transexuais e transgêneros)

    Uma das minorias sexuais que estão mais expostos ao preconceito e à homofobia no Brasil, os transexuais lutaram e ainda lutam muito para garantir seus direitos recentemente conquistados, dentre eles o direito ao nome social e o direito ao uso de banheiros públicos de acordo com o gênero com o qual a pessoa se identifica. Entretanto, o país continua com altíssimos índices de violência contra este grupo, o que indica muitas mudanças necessárias por vir. 

    Transexualidade é um termo guarda-chuva que pode se referir a pessoas que vivenciam um papel de gênero, mas não se reconhecem como homem ou mulher, mas como um terceiro sexo ou "não-gênero". 

    O termo "trans" também pode se referir à transgêneros, que são pessoas cuja identidade de gênero não corresponde ao seu sexo biólogico, o que resulta em intenso sofrimento, podendo necessitar de intervenções médicas incluindo ou não cirurgias de redesignação de gênero. Lembrando que essas cirurgias não são necessárias para a alteração do nome em documentos, o que é uma medida que evita muito sofrimento de homens e mulheres trans. 

    Identidade de gênero não está vinculada a orientação sexual (hetero, homo, bi, pan, etc), então existem pessoas trans de praticamente todo o espectro. Independente das vivências, todo o respeito a esse bravos homens, mulheres e pessoas no geral.




Reconstruindo Amora: do reflexo à grandeza - Giulianna Palumbo



Sinopse: 

    "O livro conta a história de Danilo, um jovem superprotegido, que, às escondidas, se utiliza das maquiagens da mãe para montar em seu próprio rosto uma nova figura: Amora. O que começa como brincadeira, logo se torna seu principal projeto de vida e, após completar vinte e dois anos, ele desiste de se encaixar nos padrões sociais impostos pelos pais e mergulha de cabeça na ideia de se tornar uma drag queen. Para isso, envolve-se com a cena drag paulistana, onde faz amigos e passa por situações diversas. Muito mais do que um novo universo, Danilo acaba por descobrir coisas novas a respeito de si mesmo e, após sobreviver a uma enorme tragédia, questiona a importância da aceitação, o impacto de sua arte, os valores sociais e o senso de justiça.

    Escrito de forma a conduzir o leitor mais leigo a entender as expressões e a cultura Drag, o livro consegue abordar assuntos sérios sendo ao mesmo tempo engraçado, leve e com um ritmo ágil. Além disso, ele conta com uma sugestão de trilha sonora hospedada em plataformas musicais, que complementa a emoção dos capítulos e propõe uma nova dinâmica de leitura."

    Eu descobri esse livro através dessa resenha incrível do canal Lar da Agatha (abaixo). Ainda não li, mas pelos comentários, me pareceu uma ótima sugestão.







Viagem solitária: A trajetória pioneira de um transexual em busca de reconhecimento e liberdade - João W. Nery






Sinopse: 

    "Viagem solitária, livro que narra a corajosa jornada de um dos maiores símbolos da liberdade de gênero, chega em nova edição que homenageia a força e a trajetória de seu autor, João W. Nery (1950-2018), que, em 1977, foi o primeiro trans-homem a realizar uma cirurgia de redesignação sexual no Brasil. É uma história de incompreensão, luta, superação, autoafirmação, coragem e generosidade de um homem nascido preso a um corpo de mulher que, no fim, contra tudo e todos, se torna pai e referência para milhares de pessoas. Seu nome batiza o Projeto de Lei de Identidade de Gênero, proposta em 2013 pelos deputados Jean Wyllys e Erika Kokay. 

    Dedicado àqueles que se reinventaram para encontrar um lugar no mundo, Viagem solitária é uma leitura sensível e comovente para todas as pessoas que prezam pela liberdade e a diversidade. Quase dez anos depois do seu lançamento, ainda é um livro à frente de seu tempo."

    Essa é uma biografia importante por retratar alguém que certamente inspirou muitas outras pessoas a se afirmarem e persistirem na luta pela aceitação, numa época em que não existiam protocolos para atendimento de pessoas transexuais. João Nery morreu em outubro do ano passado, mas deixou seu legado como ativista e psicólogo, com o título de Doutor "Honoris Causa" por sua atuação.


Ivan, de "A força do Querer", de Gloria Perez.



    Esse livro serviu de inspiração para a composição do personagem Ivan, da novela A Força do Querer, escrita por Glória Perez, e exibida na TV Globo em 2017.





Fera - Brie Spangler


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Sinopse:

    "Dylan e Jamie sempre foram julgados pela aparência, e não pelo que são — até encontrarem um ao outro.

    Dylan não é como a maior parte dos garotos de quinze anos. Ele é corpulento, tem quase dois metros de altura e tantos pelos no corpo que acabou ganhando o apelido de Fera na escola. Quando ele conhece Jamie, em uma sessão de terapia em grupo para adolescentes, se apaixona quase instantaneamente. Ela é linda, engraçada, inteligente e, ao contrário de todas as pessoas de sua idade, parece não se importar nem um pouco com a aparência dele.
    O que Dylan não sabe de início, porém, é que Jamie também não é como a maioria das garotas de quinze anos: ela é transgênera, ou seja, se identifica com o gênero feminino, mas foi designada com o sexo masculino ao nascer. Agora Dylan vai ter que decidir entre esconder seus sentimentos por medo do que os outros podem pensar, ou enfrentar seus preconceitos e seguir seu coração."

    A capa e a sinopse me pareceram bacanas, além de ter essa pegada que me lembra a Bela e a Fera? Bom, posso estar errada, mas deve ser bom.


A Arte de Ser Normal





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Sinopse:  

    "David Piper tem 14 anos e um desejo: “Quero ser uma menina”. Mas este é um segredo que ele compartilha apenas com Essie e Felix, seus únicos amigos, pelo menos até a chegada de Leo Danton à escola Parque Éden. Apesar de muito diferentes e cada um guardando um segredo próprio, David e Leo iniciam uma profunda amizade, que é a base do elogiado romance de estreia da atriz e escritora britânica Lisa Williamson. Com diálogos engraçados e relatando situações cotidianas na vida de adolescentes, a autora consegue abordar a delicada e muito atual questão da identidade de gênero de maneira leve e nada apelativa, numa narrativa que conquista o leitor da primeira à última linha."

    Destaquei esse livro aqui por falar sobre transexualidade num contexto escolar, com protagonistas mais jovens que em outros livros. Isso porque existe muita desinformação sobre transexualidade manifestada na infância e pré-adolescência, com pessoas acreditando que as crianças serão influenciadas muito cedo caso sejam submetidas ao tratamento médico, ou que elas serão operadas antes mesmo de estarem "aptas": tudo isso é uma enorme bobagem e fruto de fake news.
    A realidade é que a passagem pela puberdade costuma ser muito traumática para transexuais, e nesse contexto, o uso de bloqueadores de hormônios é feito (com o devido acompanhamento médico). Dessa forma, os caracteres sexuais que não correspondem a identidade de gênero da pessoa podem ser "atrasados" para que no futuro, a pessoa adulta possa se submeter aos tratamentos hormonais e à cirurgia de redesignação de gênero, caso queira. Tudo isso é feito com acompanhamento psicológico de no mínimo dois anos, justamente para preparar a pessoa trans a adaptar-se a uma mudança tão grande e diminuir qualquer possibilidade de arrependimento futuro.
    É um assunto complexo, mas acredito que a divulgação de informações e o aprimoramento da medicina podem ajudar quem passa por esse momento a ter uma vida melhor.




P, de Pansexuais

 

 

    Não, pansexuais não são pessoas atraídas por panelas. Pansexuais são pessoas que sentem atração sexual e/ ou amorosa por pessoas independente da definição de gênero. Isso confunde as pessoas, que saem pensando que o pansexual "sai pegando geral", mas é algo parecido com os bissexuais, com a diferença que os pansexuais não se limitam pelo binarismo de gênero (homem/ mulher), mas se relacionam amorosa ou sexualmente também com pessoas trans, agêneras e não-binárias. [Editado: na verdade isso que eu escrevi continua sendo uma ideia errada e confusa sobre o que é panssexualidade e bissexualidade. Pressupor que a bissexualidade exclui homens e mulheres trans, como se a pansexualidade fosse uma categoria a parte para essas pessoas é transfóbico. É achar que só pessoas cis são homens e mulheres "de verdade". De fato essa definição é mais histórica e só foi criada por conta da transfobia da comunidade bissexual na época (e que continua em certos âmbitos, infelizmente).

Na prática, bissexuais se atraem por mais de um gênero (incluindo pessoas trans binárias ou não-binárias) e panssexuais por todos os gêneros (o que não significa que a pessoa não possa ter suas preferências).E não, ninguém é ser obrigado(a) a namorar ou transar com uma pessoa trans pra não ser transfóbico, isso é babaquice que conservadores e feministas radicais inventam para generalizar acusações de que pessoas trans seriam abusivas/potenciais estupradoras. Fim da edição].

E vale sempre lembrar que pansexualidade não inclui coisas como zoofilia ou pedofilia, esses atos são crimes, não orientações sexuais. 

    Grupos homofóbicos gostam de espalhar fake news e boatos se utilizando disso para convencer as pessoas de que existe um movimento para incluir pedofilia na sigla, mas é claro que isso é uma mentira descarada vinda da mesma fonte que falava em "kit gay", "ideologia de gênero" e na tal "mamadeira de piroca"...

    Sigamos com as minhas recomendações, que foram bem difíceis de achar:




Rainha do pouco caso - Thati Machado

Disponível para leitura online - História ainda em andamento

Sinopse: 

    "Marcela recebe uma ótima proposta de emprego para trabalhar no México. Escalar a montanha do sucesso profissional sempre esteve na sua lista de metas, mas, no meio do caminho há um pequeno detalhe (quase) esquecido: a Rainha do Pouco Caso está noiva, prestes a subir ao altar. No entanto, ela não consegue entender muito bem as voltas que a vida deu para guiá-la até ali e é por isso que precisará tomar as rédeas do destino - se é que acredita na existência dele- por um caminho inexplorado de autoconhecimento e descobertas. Ela só não esperava que a terra do guacamole, das tequilas e do chili com carne lhe reservassem muito mais do que podia imaginar."




    A Thati Machado tem um canal no Youtube, com vídeos sobre escrita, resenhas de livros, conselhos amorosos e de autoestima, universo plus size e LGBT, dentre outros. Em novembro de 2014 lançou seu primeiro livro, Ponte de cristal. Em seguida vieram outros títulos como Com Outros Olhos, Poder Extra G, Contando Estrelas, Doze por Doze, Blogueiras.com, Mundos Paralelos.



Saga Percy Jackson- Rick Riordan

 





Sinopse:

    "Combinando mitologia grega e muita aventura, a saga do menino Percy Jackson, que aos 12 anos descobre que é um semideus, filho de Poseidon, tornou-se um fenômeno mundial. Foram mais de 15 milhões de livros vendidos em todo o mundo e quase um milhão no Brasil, além da adaptação para o cinema que atraiu 1,8 milhão de espectadores no país.

    Agora, os fãs da série podem ter, reunidos em um box especial, com edição limitada e design exclusivo, os cinco livros da saga que consagrou o autor Rick Riordan: O ladrão de raios, em que Percy descobre sua ligação com os deuses do Olimpo e precisa impedir uma guerra entre eles, que acabaria com toda a civilização ocidental; O Mar de Monstros, quando ele e seus amigos se envolvem numa perigosa aventura para defender o Acampamento Meio-Sangue; A maldição do Titã, em que nosso herói descobre que Cronos, o Senhor dos Titãs, despertou e está disposto a destruir toda a humanidade; A batalha do Labirinto, em que Percy, Tyson, Annabeth e Grover são destacados para combater o perigoso Titã nos corredores do temido Labirinto de Dédalo; e O último Olimpiano, quando o confronto toma as ruas de Nova York e Percy tem de lidar não só com o exército de Cronos, mas também com a chegada de seu 16º aniversário e, com ele, com a profecia que determinará seu destino."


    Bom, eu preciso ser sincera: eu nunca li Percy Jackson. Acho que Harry Potter foi a única série de livros infanto-juvenis que eu li. Não que eu não quisesse, mas com pouco tempo, séries são difíceis como investimento pra mim. De qualquer forma, eu ouvi falarem muito bem desses livros, e na questão de diversidade, me parecem ser sugestões bacanas para quem está afim de um entretenimento com algum tipo de representatividade que é bem difícil de achar em algumas séries de fantasia, o que é lamentável (Alô, Stephanie Meyer!).

    Nesse quesito, Rick Riordan parece ter se esforçado para retratar um mundo semelhante ao nosso, com personagens que refletem a realidade, como ele próprio disse, de acordo com o site:





"Tradução:

Pergunta: O que te fez querer adicionar uma personagem gay na coleção do Percy Jackson? O que te inspirou a escrever os livros?

Resposta traduzida do Rick Riordan: Bem, pela mesma razão que eu tenho personagens altas, personagens baixas, personagens loiras, personagens portadores de deficiência e personagens não-brancos. Há todos os tipos de crianças na vida, e eles merecem ver-se representados em histórias. Para uma resposta mais longa vá ao meu website."

    Longe da inclusão de personagens com aparência, capacidades e identidade de gênero e sexualidade diversos ser vista como um "favor" à essas pessoas, o autor reforça que está apenas representando a vida como ela é: cheia de gente de todo tipo. E eu apoio totalmente essa visão: personagens que fazem parte de minorias não deveriam fazer parte de uma história apenas para serem "tokens", como se preenchessem uma cota, nem serem usados apenas para passar uma lição de moral referente a minoria em questão. Variedade no tipo de conflitos e histórias é tão importante quanto a representatividade, então vamos valorizar isso.




    Em Percy Jackson, o personagem Nico di Angelo, o filho de Hades, não tem sua sexualidade completamente definida. Em livros posteriores, ele chega a admitir ter tido uma queda pelo protagonista da série, mas termina a história ao lado de Will Solace, filho do deus Apollo, outro personagem que se especula que seja pansexual. Ele é um personagem secundário, mas ainda assim, é o tipo de representação bem-feita por ao menos estar ali presente na história, e não sendo algo que o autor tivesse tirado do bolso numa entrevista sem nunca realmente ter escrito em lugar nenhum de seus livros (Alô, J.K. Rowling!).


Gênero Fluído, ou Não-binários

    Não-binariedade, agênero, ou gênero fluído é um termo para identidades que não são exclusivamente homem ou mulher, estando fora do binário de gênero e da cisnormatividade (pensamento de que apenas quem se identifica com o sexo de seu nascimento é "normal" ou aceitável). Essa pessoas podem se identificar com um ou mais gêneros ao mesmo tempo, podem variar conforme o momento, ou mesmo não se identificarem com nenhum. Não necessariamente possui correlação com intersexualidade, que se refere ao nascimento com caracteres de ambos os sexos. É uma questão de autopercepção do gênero, não da genitália física.
    Pessoas andróginas estão incluídas nessa categoria, adotando ou não pronomes neutros como elx.( ATUALIZAÇÃO: na verdade esse uso do x ou da @ já está deixado de lado em prol de não dificultar o uso de softwares de leitura para deficientes visuais ou por pessoas dislexicas. Os pronomes neutros variam, mas no português usa-se elu/delu e troca-se o "a" ou "o" das palavras flexionadas por gênero pelo "e". Mas existem não-binarios que não usam esses pronomes e simplesmente alternam entre ele/ela).

Por ser uma terminologia criada recentemente, alguns grupos acusam os não-binários de criarem uma categoria a parte para si, sendo que eles poderiam estar incluídos entre os transexuais. No entanto, existem controvérsias, dentre elas o fato de que quem expressa fluidez de gênero não necessariamente a vivencia do mesmo modo que crossdressers e transexuais. É um assunto complicado e como tenho poucas referências, vamos passar para as sugestões de leitura:






Saga Magnus Chase - também do Rick Riordan


Sinopse:

    "A vida de Magnus Chase nunca foi fácil. Desde a morte da mãe em um acidente misterioso, ele tem vivido nas ruas de Boston, usando de muito jogo de cintura para sobreviver e ficar fora das vistas de policiais e assistentes sociais. Até que um dia ele reencontra tio Randolph – um homem que ele mal conhece e de quem a mãe o mandara manter distância. Randolph é perigoso, mas revela um segredo improvável: Magnus é filho de um deus nórdico.

    As lendas vikings são reais. Os deuses de Asgard estão se preparando para a guerra. Trolls, gigantes e outros monstros horripilantes estão se unindo para o Ragnarök, o Juízo Final. Para impedir o fim do mundo Magnus deve empreender uma importante jornada até encontrar uma poderosa arma perdida há mais de mil anos.

    Quando um ataque de gigantes do fogo o força a escolher entre a própria segurança e a vida de centenas de inocentes, Magnus toma uma decisão fatal. Às vezes é necessário morrer para começar uma nova vida...

    Com personagens já conhecidos do público, como Annabeth Chase, prima de Magnus, e deuses como Thor e Loki, Rick nos apresenta mais uma aventura surpreendente, repleta de ação e humor."
 





    Em Magnus Chase, a/o personagem Alex Fierro se apresenta como genderfluid e trans (gênero fluído), o que é o tipo de representação muito rara, tendo inclusive trocado um beijo com o protagonista no terceiro livro. Os fãs parecem ter gostado. Como eu ainda não li, não posso opinar realmente, mas fica a dica.




A, de assexuais

 

 




    Assexualidade é sentir pouca ou mesmo nenhuma atração sexual por pessoas. Pode estar inscrita como "a falta" de uma orientação sexual, ou cair numa variação ao lado das demais orientações. O que não significa que a pessoa não se relacione amorosamente, ou não possa fazer sexo. Outra vez, é mais uma questão de sentimento do que do ato propriamente dito. Vale lembrar que o termo certo é assexual, e não assexuado. Além disso, os assexuais diferem de celibatários, pois como dito acima, nem todos eles praticam abstinência sexual e dentre os celibatários, a grande maioria não pertence a essa orientação.

    A dificuldade que essas pessoas enfrentam para serem aceitas tem a ver com o fato de as pesquisas com relação ao tema serem recentes, além de muitos pensarem que a assexualidade seria na verdade uma "baixa na libido", ou relacionada a traumas com relação ao sexo. De novo, são preconceitos muito parecidos com os enfrentados por homo e transexuais no passado, antes de enfim terem suas orientação despatologizadas. Até por isso, tive dificuldades em achar livros sobre o tema. No fim do artigo estou deixando recomendações de vídeos sobre o assunto. Quem sabe no futuro as editoras pensem em lançar mais livros a respeito, não?




Tash e Tolstói - Kathryn Ormsbee



Sinopse:

    "Natasha Zelenka é apaixonada por filmes antigos, livros clássicos e pelo escritor russo Liev Tolstói. Tanto que Famílias Infelizes, a websérie que a garota produz no YouTube com Jack, sua melhor amiga, é uma adaptação moderna de Anna Kariênina. Quando o canal viraliza da noite para o dia, a súbita fama rende milhares de seguidores ― e, para surpresa de todos, uma indicação à Tuba Dourada, o Oscar das webséries. Esse evento é a grande chance de Tash conhecer pessoalmente Thom, um youtuber de quem sempre foi a fim. Agora, só falta criar coragem para contar a ele que é uma assexual romântica ― ou seja, ela se interessa romanticamente por garotos, mas não sente atração sexual por eles. O que Tash mais gostaria de saber é: o que Tolstói faria?"




Let's talk about love - Claire Kann ( em inglês)



Sinopse:

    "Alice had her whole summer planned. Nonstop all-you-can-eat buffets while marathoning her favorite TV shows (best friends totally included) with the smallest dash of adulting―working at the library to pay her share of the rent. The only thing missing from her perfect plan? Her girlfriend (who ended things when Alice confessed she's asexual). Alice is done with dating―no thank you, do not pass go, stick a fork in her, done.
    But then Alice meets Takumi and she can’t stop thinking about him or the rom com-grade romance feels she did not ask for (uncertainty, butterflies, and swoons, oh my!).
    When her blissful summer takes an unexpected turn and Takumi becomes her knight with a shiny library-employee badge (close enough), Alice has to decide if she’s willing to risk their friendship for a love that might not be reciprocated―or understood."


Tradução meio tosca feita a base de Wise Up:

    "Alice planejou todo o seu verão. Buffets "coma-o-quanto-puder" sem parar enquanto maratona seus programas de TV favoritos (seus melhores amigos inclusos) com apenas um pequeno traço de vida adulta ― seu trabalho numa livraria para pagar sua parte no aluguel. A única coisa faltando em seu plano perfeito? Sua namorada (que terminou quando Alice confessou ser assexual). Alice está farta de encontros―não obrigada, não ultrapasse, sem condições, de saco cheio.
    Mas ao encontrar Takumi, Alice não consegue parar de pensar nele ou nos sentimentos dignos de comédia romântica que ela não queria (incertezas, borboletas, o encantamento, ai meu Deus!).
    Quando seu abençoado verão a leva a uma virada inesperada e Takumi se torna seu cavalheiro com crachá  brilhante de empregado da livraria (ou quase), Alice tem que decidir se ela está disposta a arriscar sua amizade por um amor que pode não ser recíproco ― ou compreendido."


    Pena esse livro ainda não ter sido traduzido para o português (olha a dica, editoras!), achei a sinopse interessante, e quão importante é, ter uma modelo negra na capa de um livro retratando uma personagem assexual? Eu nem vou entrar na questão da hipersexualização que as mulheres negras sofrem, mas é de se admirar a iniciativa aqui.


I, de Intersexuais, ou intersexos

 

 

    Intersexualidade é qualquer variação de caracteres sexuais incluindo cromossomos, gônadas e / ou órgãos genitais que dificultam a identificação de um indivíduo como totalmente feminino ou masculino. Essa variação pode envolver ambiguidade genital, combinações de fatores genéticos e aparência e variações cromossômicas sexuais diferentes de XX para mulher e XY para homem. Pode incluir outras características de dimorfismo sexual como aspecto da face, voz, membros, pelos e formato de partes do corpo.
    Intersexuais são pessoas que nascem com essa variação dos caracteres sexuais. As causas são genéticas: um em cada 100 nascimentos possui algum nível de ambiguidade sexual e entre um e dois em cada 1.000 nascimentos essa ambiguidade é tal que precisa de cirurgia para diferenciação de gênero. Os intersexuais já foram chamados de "hermafroditas", palavra bastante estigmatizada e que foi abandonada por se referir apenas a questão dos genitais visíveis. Alguns intersexuais podem ser considerados transgêneros.
    É preciso lembrar que se trata de uma condição sexual, não de uma orientação sexual, portanto, as pessoas que se autodenominam intersexuais podem se identificar como homossexuais, heterossexuais, pansexuais, bissexuais ou assexuais. Abaixo, minhas sugestões de leitura:


 




Dezesseis anos- Jade Sand

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Sinopse:

    "A estreita estrada de terra que liga a rodovia estadual à fazenda Leonardi é pura nostalgia. Depois de muito tempo distante, Leonardo ainda se sente em casa ao passar por ela. No entanto, seus planos nessa viagem se resumem a resolver o que tiver que ser resolvido e voltar para o Canadá, onde vive tranquilamente. As circunstâncias de sua partida e o afastamento da família o impedem de ter expectativas, e a situação parece se agravar quando, distraído em seus pensamentos, ele atropela um garoto de bicicleta na estrada.     As reminiscências de Leonardo ficam ainda mais fortes ao conhecer o jovem Rafael. Seu modo de falar e seu olhar inquieto o deixam desconcertado. Seria efeito do cansaço da viagem ou o destino lhe pregando uma peça? O presente e o passado começam a se confundir quando ele encontra os familiares do garoto: dona Zuleide, antiga cozinheira de sua casa, e o Bryan, seu primo adotivo, com quem ele se envolvera muito além da amizade. O tempo passou, mas não fechou todas feridas. O que ele teria perdido nesses dezesseis anos?"

    O que dizer desa autora sensacional? Precisou figurar duas vezes nessa lista e merecidamente: eu li esse livro como amostra no Wattpad da autora, e é uma história muito bem escrita e muito sensível. A autora fez uma boa pesquisa sobre o assunto, e apesar de tomar algumas liberdades criativas quanto a certos fatos, foi uma leitura muito divertida, emocionante e agradável, com um final surpreendente. Super indicado!




None of the above - I.W. Gregorio (em inglês)


Sinopse:

    "Now in paperback—this relatable and groundbreaking story for the LGBTQIA+ audience is about a teenage girl who discovers she was born intersex . . . and what happens when her secret is revealed to the entire school. Perfect for fans of If I Was Your Girl and Ask the Passengers.
    When Kristin Lattimer is voted homecoming queen, it seems like another piece of her ideal life has fallen into place. She’s a champion hurdler with a full scholarship to college and she’s madly in love with her boyfriend. In fact, she’s decided that she’s ready to take things to the next level with him.    But Kristin’s first time isn’t the perfect moment she’s planned—something is very wrong. A visit to the doctor reveals the truth: Kristin is intersex, which means that though she outwardly looks like a girl, she has male chromosomes, not to mention boy “parts.”    Dealing with her body is difficult enough, but when her diagnosis is leaked to the whole school, Kristin’s entire identity is thrown into question. As her world unravels, can she come to terms with her new self?     Incredibly compelling and sensitively told, None of the Above is a thought-provoking novel that explores what it means to be a boy, a girl, or something in between."

Traduzido:

    "Agora publicado—esta comovente e inovadora estória para a audiência LGBTQIA+ é sobre uma garota adolescente que descobre ter nascido intersexo... e o que acontece quando seu segredo é revelado para toda a escola. Perfeito para fãs de "Se eu fosse uma Garota" e "Pergunte aos passageiros".
    Quando Kristin Lattimer é escolhida para ser rainha de boas vindas, parece que outro pedaço de sua vida ideal acaba de se encaixar. Ela é campeã de salto com uma bolsa de estudos para a faculdade e está loucamente apaixonada por seu namorado. De fato, ela está decidida a leva a as coisas para o próximo nível com ele. 
    Mas a primeira vez de Kristin não é o momento perfieto que ela planejou — algo está muito errado. Uma visita ao médico revela a verdade: Kristin é intersexo, o que significa que apesar de sua aparência externa feminina, ela tem cromossomos masculinos, sem mencionar "partes de garoto".      
    Lidar com seu corpo já é dificil o suficiente, mas quando seu diagnóstico vaza por toda a escola, a identidade de Kristin é colocada em questão. Conforme seu mundo desfia, poderá ela se reconciliar com seu novo eu?
    Incrivelmente envolvente e sensivelmente narrada, "Nenhuma acima" é uma novela reflexiva que explora o que significa ser um garoto, uma garota, ou alguém no meio."

    Novamente, outro livro sobre um assunto pouco discutido, que valeria a pena ser trazido para o mercado brasileiro.


 
E por último, mas não menos importante:

Q, de Queer


    A palavra queer vem do inglês e significa algo como "excêntrico", "estranho". Costumava ser uma ofensa, até ser adotada pela comunidade LGBTQ+ como uma forma de expressar toda a variedade das minorias inclusas na sigla, denominando as pessoas dispostas a romper com um sistema que impõe a heterossexualidade e o binarismo de gênero como únicas formas dignas de se viver. Nesses termos, é importante esclarecer que não existe Ideologia de gênero:


    "Acredita-se que o termo “ideologia de gênero” apareceu pela primeira vez em 1998, em uma nota emitida pela Conferência Episcopal do Peru intitulada “Ideologia de gênero: seus perigos e alcances”. O evento nacional que reúne bispos de todo o país é uma tradição da Igreja Católica no mundo inteiro. 

    Desde seu surgimento, a expressão “ideologia de gênero” carrega um sentido pejorativo (negativo, ofensivo). Por meio dela, setores mais conservadores da sociedade protestam contra atividades que buscam falar sobre a questão de gênero e assuntos relacionados – como sexualidade – nas escolas. As pessoas que concordam com o sentido negativo empregado no termo “ideologia de gênero” geralmente temem que, ao falar sobre as questões mencionadas, a escola vá contra os valores da família.

    Dentre esses valores está o medo de que o debate menospreze crenças familiares e gere intolerância religiosa, tanto por parte dos professores quanto de outros colegas. Outro medo é que a ideologia de gênero induza crianças a serem homossexuais ou transexuais. Geralmente tais grupos também discordam da teoria que aponta gênero como sendo socialmente construído e acreditam que o sexo biológico define tanto o gênero quanto a sexualidade da pessoa. Consequentemente, entende-se que a heterossexualidade é o “natural”." (fonte)





    Diante disso, pessoas conservadoras costumam apontar qualquer caso isolado que poderia ser considerado "abuso psicológico" como evidência de um plano articulado para destruir o que elas prezam: a manutenção de uma sociedade padronizada em moldes que não compreendem a diversidade existente em si própria.

    "Falar sobre a desigualdade entre homens e mulheres é entender que as trabalhadoras ganham menos que os trabalhadores pelo mesmo serviço; que elas sofrem mais com o desemprego do que eles; que são as maiores responsáveis pelos serviços domésticos e pela criação dos filhos. Por isso, as trabalhadoras necessitam de creches, de licença-maternidade e de se aposentar mais cedo.    Falar de diversidade é explicar que a sociedade é composta por diversos grupos de pessoas e que estes precisam ser respeitados, independente da orientação sexual, da identidade ou da comunidade que fazem parte. Sejam eles homens, mulheres, crianças, idosos, indígenas, quilombolas, travestis, gays, lésbicas, trabalhadores do campo ou trabalhadores urbanos." (fonte)


    O que existem, na verdade são os Estudos Queer no meio acadêmico, teorias que afirmam que orientação sexual e identidade de gênero seriam resultados de constructos sociais ou seja, influência do meio, e que não existem papéis sexuais inscritos na natureza humana de forma determinante. Como teorias, elas são passíveis de serem questionadas e aprimoradas, é lógico.

    Quanto a afirmativa de papéis de gêneros serem em grande parte constructos sociais, eu concordo em parte, acho que as diferenças na educação e criação de meninos e meninas influenciam muito mais do que poderíamos pensar nas capacidades futuras demonstradas por homens e mulheres. No entanto, eu também acho que a parte biológica nunca poderá ser totalmente descartada, visto que muitas descobertas recentes apontam uma grande influência da gestação na formação de todo o espectro do sexo biológico, da orientação sexual e da identidade de gênero. Abaixo, coloquei a coletânea "Todas as cores do Natal" como sugestão por reunir contos com diversas representações que se encaixam no que seria a definição de queer.




Todas as cores do Natal- Vários autores


Link

Sinopse:  

    "A Agência Página 7 reuniu cinco autores para contar histórias divertidas e emocionantes sobre personagens LGBTQ+ durante as festas de fim de ano. Nessa coletânea, Vitor Martins narra uma divertida história de amigo secreto no curso de inglês que vai fazer o leitor morrer de amores e vergonha alheia por Renato. Já Bárbara Morais traz o universo das Garotas Mágicas para salvar o Natal na capital do país e falar sobre a importância da amizade verdadeira. Lucas Rocha conta como Danilo só queria um fim de ano comum, mas, de repente, tudo dá errado na noite de Natal e ele se vê preso em uma tempestade envolvendo um peru assado, um cachorro e o garoto por quem ele tem uma quedinha. Alliah mostra que uma simples viagem em grupo de fim de ano para uma ilha no litoral do Rio de Janeiro pode revelar seres sobrenaturais sofrendo com as alterações mágicas causadas pela poluição dos mares. Para fechar com chave de ouro, Mareska Cruz fala sobre a relação de Benedita com o Natal desde o seu nascimento: são quinze anos de pura diversão, coração partido, amor e amizade.    "Todas as Cores do Natal" propõe trazer a voz dos escritores enquanto pessoas LGBTQ+ para ilustrar as experiências de seus personagens a partir de uma perspectiva mais próxima. Escrever com essa propriedade de fala é algo conhecido como “own voices” no mercado internacional e é muito importante para a diversidade na literatura."


    E aqui, eu finalizo este artigo. Em tempos difíceis, em que não se sabe quanto dos direitos conquistados a duras penas podem ser perdidos, é importante manter vivo o legado de Stonewall; nessa ocasião, pessoas que sempre se sentiram oprimidas por não se encaixarem nos padrões rígidos que a sociedade impunha ousaram levantar a voz pela primeira vez e dizer "basta disso, queremos respeito."  Esse é o significado de Orgulho. 

    Por isso não existe "Orgulho hétero"; o único orgulho que alguém hétero poderia ter é o de não ser um babaca com quem é diferente de si mesmo, e ainda assim, não faz mais que obrigação. Não é uma questão de minorias contra uma maioria, é que não faz sentido ter orgulho por algo que não requer nenhum esforço, não é mesmo?




    Lésbicas, gays, trans, intersexuais, queer ou héteros, todos nós nascemos com características únicas em interação constante com o meio; longe de ser criticado, esse processo deveria ser entendido e aceito. Afinal, independente de quem somos, todos nós amamos e queremos ser amados incondicionalmente. Precisamos nos lembrar disso como sociedade, enquanto há tempo.

Até!

Para saber mais: