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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Piores Capas de Livros- parte 2










Olá, e bem vindos a segunda parte deste artigo! Como podem ver, eu sei bem do que estou falando quando digo que uma boa capa diz muito a respeito do conteúdo. Sendo assim, eu só posso desejar que nenhum de vocês esbarrem com essas, digamos assim, criações peculiares.

Ou talvez você queira ler essas tranqueiras, quem sou eu pra julgar...

Sem mais delongas, prossigamos com essa bagaça.






Contando os dias para o apocalipse


Deve ter sido foda crescer nos anos 60, 70 e 80... Guerra-fria, corrida armamentista, acidentes com foguetes no espaço, kits de brinquedos que poderiam causar uma hecatombe, sem falar no pior de tudo: Disco music. 
É, não devia ser fácil, mas essa capa de livro meio que fode ainda mais essas circunstâncias.
Ok, talvez isso seja apenas photoshop, como deve ser a maior parte das capas desse artigo, mas não acho que estaria muito longe da realidade, olhe:



Essas são crianças durante um treinamento em sala de aula, para o caso de ataques nucleares. Nesses casos, as explosões lançariam cacos de vidros e estilhaços pra dentro das salas. Felizmente, nenhum desses ataques ocorreram, mas imagino que deve ter sido sofrível, psicologicamente falando.

E pensar que não evoluímos muito desde então...






A gangue do Gary- Roubar merdas é divertido


Olhe só pra essas caras! Que diacho de crianças mais socáveis! Gary, o pequeno traficante está repartindo o saque com seus comparsas igualmente desprezíveis, sem saber que a polícia já está em seu encalço, avisada pela vizinha velha, a dona Gertrudes. Mal sabe ela que Gary fugiu e planeja se vingar soltando uma cobra coral no quarto da véia, enquanto ela dorme. Pobre Gertrudes...






Mamãe bebe porque você é mau


...
Nossa, nada melhor do que culpar os filhos pelos vícios dos pais! É, foi assim que esse país foi feito!





Fugindo de casa para enfurecer seu pai



Aqui vemos os dois maníacos mirins, fugindo num patinete, no que seria uma versão infantil de Bella e Edward de Crepúsculo, aqueles desprezíveis...
Sim, eu também odeio Crepúsculo! Ok, não odeio, mas desprezo. É um pedaço de coisa mal escrita em tantos sentidos que eu não posso nem... aaargh.

Sério, o que mais eu posso falar sobre essa imagem? Não sei onde eu estava com a cabeça quando comecei a elaborar esse artigo...




Deus é grande, então como ele fez a mim e ao Bob vesgos?


Taí um livro que eu gostaria de ver sendo usado numa aula de religião. Sério, eu nunca vou me conformar de ter tido "aulas de religião" quando na verdade elas não podem ser obrigatórias, já que o Estado é laico e argh! Eu poderia não ter sido obrigada a frequentar estas coisas, mas não! Maldita constituição que ninguém cita nos momentos em que seria útil! 
Falando sério, essas porras dessas crianças tem os olhos vesgos porque elas claramente veneram o diabo, ora. Não sou eu que digo, é o livro!







Ajudando os retardados a conhecerem Deus


Outro livro super respeitoso que com certeza é uma zoeira de alguém. De qualquer forma, eu ri, e não, não acho que estou sendo preconceituosa por isso. Eu ri da capa, do modo como está escrito, não da criança tonta que colocaram na ilustração. Até parece eu, acordando de manhã...







Baleias mortas não acenam de volta, e a culpa é dos japoneses


Hum, é pode ser. Sério, o Japão consegue sobreviver a terremotos, fabricar tecnologias incríveis, mas em outros sentidos, é mais cagado que outros países. Desculpa, mas qual a necessidade de comer baleias? Nem o Godzilla, que é enorme, come elas! Vocês me enojam!
Hunf!






Zippy nega o holocausto


Pois é, chimpanzés negando o holocausto. Nada de novo aqui.






Pequeno Bobby bebeu de novo



...


Nossa, eu nem sei o que dizer... Olha esse moleque, perdendo o equilíbrio. Que imbecil... Será que é tão difícil se manter sóbrio antes de ir pra escola, pequeno Bobby? Ora essa...


E ficamos por aqui! Semana que vem, voltamos às resenhas!

Aqui vai um trecho do livro que será tema da próxima resenha:

"O que fazemos neste mundo não importa" retrucou meu companheiro amargamente. "A questão é o que levamos as pessoas a acreditar que fizemos."







Até lá, seus lindos!!!


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Piores Capas de Livros - parte 1




 
Olá, queridos leitores!
Vamos lá, eu sei que vocês existem, parem de se esconder...

Não tem ninguém mais aqui? Bem...
Ali, um peixe voador!!!

Hum, agora que consegui desviar a atenção de vocês do meu próprio constrangimento, é hora de falar sobre uma das coisas mais legais a respeito de livros: Capas!

A capa é a primeira coisa que um sujeito vê quando pega um livro, e dependendo do sujeito e da capa, também será a última. Sendo assim, é de se esperar que as editoras se esmerem na produção daquela que deveria ser o chamariz do leitor, dando um pequeno vislumbre do conteúdo da obra e atraindo o olhar do consumidor.

Mas, nossa, não é esse o caso dessas capas...

Ah, e antes que me avisem, eu estou ciente de que algumas das capas listadas não são propriamente reais, e sim fruto de um exercício de zoeira no photoshop, mas que seja. Do modo como as coisas vão, é impossível dizer quais são fake e quais são reais, e olha que algumas são absurdas mesmo.

Olhem abaixo e verão do que estou falando.




O Iluminado


Nossa, isso aqui tem tantos problemas...
Primeiro: o que diabos essa dona vestida com um suéter e com o que parecem ser colunas gregas atrás de si tem a ver com O Iluminado?
Segundo: o que diabos qualquer coisa nessa capa tem a ver com O Iluminado?
Terceiro: Stephen King escrito em rosa? Roxo até podia ser, mas rosa?!!!
O mais estranho é que está escrito, bem em cima do permanente da véia, "Autor de A Hora do Vampiro". Quer dizer, não é como se o capista não fizesse nenhuma ideia de quem é Stephen King.  E ainda, ainda, tem um "selo" com a cara da mesma dona da capa, escrito "Best of the best".... 
...

O QUE?!!!
QUEEEEEE?!!!



O Grande Gatsby


Outro exemplo de uma capa que seria até aceitável, não fosse pelo fato do capista não fazer nem ideia do que se trata a história do livro. Por que o grande Gatsby com certeza é sobre um "womanizer", mulherengo, de boa, fumando com as mulheres se esfregando nele... O pior é que eu não consigo saber se o capista leu o livro ou não, já que ele até faz um trocadilho com o nome da amada do Gatsby, a Daisy. Fica o mistério...


 

Eating People is Wrong- Comer pessoas é errado


...

Não é como se fosse uma coisa óbvia, né?







My Daddy is a Male Stripper- Meu pai é um Stripper


...
Nossa, eu não sei bem o que dizer... Bom, ao menos ele tem um emprego. Quantos de nós podem dizer o mesmo?
... 

É, eu também prefiro continuar desempregada. 






Daddy hopes he has enough rope in the Trunk- Papai espera que tenha corda o bastante na mala


Sério, olhem pra cara desse sujeito... ele realmente se parece com alguém que dirigiria até um ponto perdido no mapa e esperaria até o momento propício para nocautear a esposa e os filhos e depois amarrá-los e enterrá-los vivos para os bichos se alimentarem à noite.
Lógico, isso é só a minha impressão...





A noite em que papai foi pra cadeia


Hum, acho que já chega de livros sobre pais por hoje...






A vadia que esquecia aniversários


Sério...
Como podemos ver na imagem, a garota de verde (vamos chamá-la de Paola) acaba de perceber a garota de lilás (Paulina, naturalmente) na porta. É claro que é a oportunidade perfeita para se vingar daquela vadia da Paulina, afinal, como pode ousar esquecer-se do aniversário de sua irmã, sendo que elas são gêmeas!? Que absurdo! Ah, mas ela aprenderá...

Depois de embebedar Vovó Piedade como sempre, Paola cata algumas folhas dessa planta, que pode muito bem ser venenosa e se prontifica a fazer um chá para a irmã, que, sendo a tonta que sempre foi, bebe.
Enquanto Paola gargalha escandalosamente com a irmã caída aos seus pés e se distrai, Carlos Daniel chega e sem saber de nada, toma o chá que sobrou na xícara. Ao ouvir da esposa que se trata de veneno, ele desmaia junto com Paulina. Emputecida pra dizer o mínimo, Paola bate no que imagina ser o cadáver imóvel de seu ex-marido, até que Vovó Piedade aparece trocando os passos e revela que a planta venenosa na verdade era apenas um pé de erva-cidreira, que a propósito é muito boa pra curar insônias. Então, com a irmã e o ex-marido adormecidos roncando aos seus pés, Paola finalmente se arrepende de nunca ter aprendido nada de útil na vida e...

Que foi, ainda estou me acostumando com o fim da quinquagésima reprise de A Usurpadora! Ora essa...




O crocodilo invisível e comedor de criancinhas que vive em absolutamente todo lugar


Esse é título perfeito para ler para seus filhos quando eles não param quietos.









The "Rifleman"...



Mas que?!


Como podem ver, aqui temos a piada mais fácil já feita com objeto fálico numa capa.


Posso até imaginar o diálogo entre eles:



"É uma grande tora essa, senhor."

"É Timmy. Com certeza que é..."


"Eu vou deixá-la aqui então e..."


"Não, Timmy! Fique aí parado, mais um pouco..."


"..."


"O que foi, pequeno Timmy?"


"Tenho que continuar segurando esse pedaço de madeira de forma constrangedora por quanto tempo mais, senhor?"


"Só até se acostumar com a ideia, Timmy."


"..."




E terminamos por hoje. Foi um artigo curto, mas foi a forma que eu encontrei para criar tempo até a minha próxima resenha, então esperem até semana que vem, quando virei com a parte 2 deste artigo!




quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O mágico de Oz





Olá! Como estão?

Eu? Quase enlouqueci nesse ínterim, e ainda não tenho lá muitas certezas sobre minha sanidade mental, mas vamos ao que interessa! 


Tenho que confessar que, durante a minha infância, nunca li nenhum livro infantil dos ditos “clássicos”. Nunca li O sítio do Pica-pau Amarelo, por exemplo. No máximo eu folheei o "Caçadas de Pedrinho" quando estava na quinta série, mas me lembro muito pouco desse livro. Só me lembro que tinha uma onça na história...
De qualquer forma, não é nenhum espanto dizer que eu também nunca tinha lido o Mágico de Oz. Pra ser justa, acho que a maioria das crianças brasileiras sequer leem o bastante pra conhecer, e se ouvissem o nome, perguntariam se isso se come com farinha ou com Nesquik.

Pois bem, dito isso, eu só me lembro do que eu vi no filme, que também assisti já adulta e num desenho que passava no SBT, esse sim, eu vi na infância. 



Infelizmente, não sobraram nem mesmo desenhos para as crianças assistirem hoje em dia, depois reclamam quando elas se voltam para o crack ou para o Casos de Família. Ah, vamos começar antes que este artigo se torne ainda mais deprimente. 

Apesar de eu não ter sido uma ávida leitora quando criança, os filmes da Disney se encarregaram de me tornar uma menina mais ou menos imaginativa, então eu posso dizer que gosto do gênero de fantasia. De outro modo, eu não teria lido dois volumes de Guerra dos Tronos, QUASE SEM PULAR NENHUMA PÁGINA, o que é muito, no meu caso. Mas então, do que se trata este livro?




Esperem, deixe-me ajustar o tom, hum...





Não ainda não...




Ok; agora sim:


“Após a passagem de um ciclone, Dorothy e seu cachorrinho Totó vão parar na estranha terra de Oz. Ao lado de novos amigos - o Espantalho, O Lenhador de Lata e o Leão Covarde - encaram perigos e aventuras, desafios e seus próprios medos, numa longa viagem de autodescoberta.”.



Como diz a sinopse, a história é bem simples: Dorothy é uma garotinha crescendo com seu tio Henry e sua tia Em, numa fazenda no Kansas, um estado americano do centro-oeste do país. Ela tem uma vida que pode ser descrita como bastante monótona, em tons de cinza, pra dizer a verdade. 

 
Não esses tons de cinza...

Nesses tons de cinza:



Pra quem não sabe, essa é uma cena de My Little Pony, mostrando a fazenda de pedras onde a Pinkie Pie cresceu.

E, sinceramente, se você ainda não viu esse desenho, SHAME ON YOU!!! 

Resumindo pra aqueles que estão escondidos num cantinho agora, Pinkie Pie é uma das personagens mais animadas do desenho, mas cresceu num lugar onde nada nem ninguém pareciam compartilhar de sua alegria. Como podemos ver pela descrição, o lugar onde Dorothy morava não fica muito pra trás disso:

“A casa em que eles moravam era pequena, porque a madeira para sua construção precisava ser trazida de carroça desde muito longe. Eram quatro paredes, um chão e um teto, que formavam uma única peça, e nesta peça ficavam um fogão a lenha com uma aparência bem enferrujada, um armário para os pratos, uma mesa, três ou quatro cadeiras e as camas. (...) Quando Dorothy chegava à porta de casa e olhava em volta, só via a pradaria cinzenta de todos os lados. Nenhuma árvore ou casa interrompia a paisagem totalmente plana que, em todas as direções, se estendia até onde a vista alcança.”.

Sério, no livro eu contei umas nove vezes em que a palavra cinza e suas variantes foram usadas para descrever o cenário e os personagens, isso não pode ser coincidência:

“Quando tia Em veio morar ali, era jovem e bonita. Mas ela também foi modificada pelo sol e pelo vento, que apagaram a centelha que brilhava nos seus olhos, hoje de um cinza neutro. Desbotaram o rubor das suas faces e dos seus lábios, que também ficaram acinzentados. Era magra e seca e não sorria mais. Quando Dorothy, que era órfã, chegou à casa dela, tia Em ficava tão surpresa com o riso da menina que gritava e levava a mão ao peito toda vez que ela conseguia encontrar algum motivo para rir.”

Uau. Uma mulher que se assusta com o riso de uma criança? Eu realmente não esperava encontrar um retrato tão perfeito e poético de como a pobreza e uma vida de dificuldades podem afetar uma pessoa, ainda mais numa história infantil. É triste e poderoso, mas a descrição do tio dela também não fica atrás:

“Já o tio Henry nunca ria. Trabalhava duro do amanhecer até a noite, e não tinha ideia do que significava alegria. Também era todo cinza, da longa barba grisalha às botas grosseiras que usava. Tinha uma aparência severa, e quase nunca dizia nada.”.


Dá pra ver que não é só no filme que a vida da Dorothy é descolorida. Eu sei que parece sentimentalismo, mas essa descrição me tocou por que eu conheço pessoas cujas vidas quase se deixavam apagar pelas dificuldades. Pessoas em situações assim podem mesmo acabar esquecidas do que é felicidade. Felizmente, Dorothy tem Totó, seu fiel cãozinho e melhor amigo, como diz o próprio narrador: 
“Era Totó quem fazia Dorothy rir, e não deixava a menina crescer tão cinzenta quanto tudo que existia à sua volta.”

Enfim, Dorothy é um peixe fora d'água, mas uma pessoa alegre e bem intencionada, como a maioria das princesas da Disney, o que me lembra de que quando o velho feiticeiro viu o sucesso de Branca de Neve, seu primeiro longa-metragem, ele tentou comprar os direitos do Mágico de Oz também, mas eles já haviam sido comprados por outra companhia.


Que bocada, hein, Walt?
Continuando, Dorothy vive seu cotidiano, até que, vindo do nada, surge um tufão em sua vida.

Não, esse Tufão...
   
Sim, esse aí.

Que foi? Eu sei que tornado e tufão não são a mesma coisa, mas e daí, eu estou de férias, me deem um tempo!

A propósito, vocês sabiam que o tornado foi feito com uma meia-calça torcida? Eu sei se é verdade, mas ao julgar pela criatividade que existia naquela época antes da computação gráfica, acho factível, pois nada mais explicaria esse efeito.

Outra coisa interessante é que no livro, não existem os ajudantes da fazenda que depois se provam a inspiração para os seres que Dorothy encontra em OZ, como a bruxa, o leão, o homem de lata e espantalho. O livro também não termina com Dorothy descobrindo que tudo não passa de um sonho, mas já vou chegar lá.


Calma, Dorothy, isso nunca aconteceu...


Sem ter o que fazer, a garota se encolhe junto à cama com seu cãozinho a tiracolo, rodopiando no que por certo acabaria em tragédia, mas aqui acaba com ela chegando à OZ, uma terra habitada por anões, bruxas e outras bizarrices em Technicolor...





Assim que pisa fora de casa, ela esbarra com os Muchkins, anõezinhos habitantes do lugar que a saúdam como heroína, por ter matado a terrível bruxa do Leste, que os escravizava e sodomizava regularmente. Dorothy, é claro, não entende toda comemoração e rejeita o título, pois nunca se imaginava assassina de nada, nem mesmo por acidente. Então, os Muchkins lhe mostram os pés da bruxa, que foi esmagada quando a casa pousou...

É, Dorothy, explique isso pro juíz agora!

Como os Muchkins não sabem a hora de calar a boca, atraindo a atenção de ninguém menos que a terrível bruxa do Oeste, uma broaca ainda mais terrível que a original.
Quem conta isso é a bruxa do Norte, uma feiticeira boazinha que logo instrui Dorothy a apanhar os sapatos prateados do cadáver ainda fresco da mocreia e calçá-los, afinal, nada mais certo que despojar a vítima de seus pertences...

Ok, eu sei que não sou a primeira a fazer essa piada, mas vamos em frente.

A bruxa do Norte então lhe explica que os calçados tem uma magia própria, mas que ninguém conhece. Outra coisa diferente do livro pro filme, é que os sapatinhos mágicos são prateados e não vermelhos.

Sorry, darling...

De qualquer forma, o que importa mesmo à Dorothy é voltar pra casa, mas como nem a bruxa do Norte e nem Muchkins sabem onde fica o Kansas, a garota não tem saída a não ser seguir pela estrada de tijolos amarelos até a cidade das Esmeraldas, lar do mágico de Oz, que segundo a bruxa do Norte, é muito poderoso, apesar de ninguém realmente tê-lo visto. 
E isso num lugar que não internet...

Assim, Dorothy parte em sua jornada, encontrando pelo caminho aqueles que a ajudariam, entre eles, o Espantalho, cujo diálogo é de uma ironia fina:



"―Como você pode falar se você não tem um cérebro?
―Eu não sei, mas algumas pessoas sem cérebro falam um monte, não é?" 
    
Como essa foto veio parar aqui? Ora...
Mesmo sem cérebro, Espantalho almeja ser inteligente e assim, concorda em acompanhar Dorothy até o GRANDE MÁGICO DE OZ e enfrentar todos os perigos que vierem, na esperança de que ele lhe dê um cérebro. Mal sabia ele que isso poderia ser facilmente arranjado em qualquer faculdade de medicina.


Logo, eles encontram o Homem de Lata, que apanhado por uma chuva repentina, ficou totalmente enferrujado sem poder se mover. Como se fosse um halterofilista folgado, ele lhes pede uma ajuda com o óleo. Após ser besuntado, o autômato lhes conta a história de como um dia fora um lenhador e se apaixonara por uma linda moça Muchkin, mas a bruxa do Oeste jogou um feitiço nele que o fez ser burro o bastante pra conseguir cortar com o machado e perder todos os membros do corpo até se tornar um ciborgue por completo, perdendo seu coração e com ele, seu amor pela moça Muchkin.
...

ESSA BROACA DO OESTE!!!

Enfim, Espantalho e Dorothy também ficam muito comovidos com a narrativa e decidem convidá-lo a irem até o mágico, ao que ele diz:
 
"Eu vou ficar com o coração, porque um cérebro não faz ninguém feliz e a felicidade é a melhor coisa do mundo."
AWWW....

Continuando, eles seguem mais adiante, a tempo de serem surpreendidos pelo Leão covarde, que ruge na direção deles, pronto a atacar Toto, quando Dorothy lhe dá um gancho de direita, bem no focinho!




Como uma bichinha chorona, o Leão se rende e se põe a resmungar sobre como ele não consegue ser corajoso, por mais que tente. Dorothy responde que ele não deveria ter atacado seu pobre cachorrinho, sendo ele um animal tão grande. 
Então o Leão explica seu raciocínio por trás de tamanha covardia:

"Todos os outros animais da floresta esperavam que naturalmente que eu fosse corajoso, porque em toda parte acreditam que o Leão é o rei dos animais. E então eu aprendi que, se eu rugisse bem alto, todas as outras criaturas se assustariam e sairiam do meu caminho. Toda vez que eu encontrava um homem morria de medo, mas rugia pra ele, e ele sempre saia correndo para o mais longe que conseguia. (...) e é claro, que eu prefiro assim."
 
No fim das contas, esse é o mesmo raciocínio de homofóbicos; eles tem tanto medo de serem gays que tentam afastar tais ideias batendo em qualquer um que os lembre delas.
O mesmo vale pra outras categorias de odiadores, tais como feministas radicais, coxinhas, petralhas e fãs do Bolsonaro, porque o ódio que alguém alimenta é sempre contra algo que você reconhece como tendo algum poder igual ou superior ao seu próprio.

Puta que pariu, consegui fazer um link entre o leão do Mágico de Oz e política, sinceramente, eu peço desculpas. Não vai acontecer de novo.
 
Continuando, Dorothy, Espantalho e Homem de Lata aconselham o pobre Leão a seguir com eles também, afinal se o velho sacudo do Mágico de Oz pode lhes dar um cérebro, um coração ou mandar a Dorothy de volta pro Kansas, também pode dar algo abstrato como coragem ao Leão, que se junta a eles.

A partir daí, a jornada deles segue bem parecida com o filme, com o grupo enfrentando dificuldades e obstáculos, e de certa forma, usando os dons que tanto falam não possuir. Eu gostei dessa parte, mas fiquei impressionada pelo fato de que já estava praticamente na metade do livro e nem sinal da Bruxa Má. Não, ela com certeza foi mencionada mais de uma vez, mas ela não dá as caras até a terça parte final do livro. 
     
Enfim, Dorothy e seus amigos finalmente chegam até a cidade das Esmeraldas, onde quem governa é o poderoso e terrível mágico, cuja aparência muda de acordo com quem o descreve. Até aí tudo bem, mas quando o Homem de lata pergunta sobre a possibilidade do homem em lhe conceder seu desejo por um coração, o habitante do lugar diz:
"Nenhum problema para Oz; ele tem uma coleção imensa de corações, de todos os tamanhos e formatos."
 ...

De repente estou com a sensação de que a Dorothy deveria ter ficado no Kansas mesmo... Se bem que, sendo no Meio-Oeste americano, as chances de ela topar com um serial-killer se multiplicam imensamente...

Rápido, alguém precisa fazer um filme de terror slasher sobre o Mágico de Oz! Alguém já devia ter feito isso!      
"Esquece o que eu disse, esquece o que eu disse..."


Bom, quando parece que eles vão finalmente ver o tal mágico de Oz e fazer seus pedidos, o cara aparece como uma cabeça imensa, que determina que só realizará seus desejos se eles matarem a Bruxa Má do Oeste. Dorothy responde dizendo que não quer ter que matar ninguém pra isso, além do que nem imagina como conseguiriam tamanha façanha, sendo que ele, o mágico não conseguiu, ao que o mágico responde que isso não é problema dele.

ZIIIIINNNG!   




Pois é, o Grande Mágico de Oz na verdade é um Grande de um Cuzão. 

Tristes, eles saem da sala de Oz, e se preparam para caçar a bruxa.

Que acaba por apanhá-los e capturá-los com a ajuda dos macacos alados.

O saldo da luta é o Espantalho e Homem de Lata destruídos e o Leão acorrentado no castelo da bruxa, além de Dorothy escravizada. Pois é, bem mais sombrio que no filme, onde apenas Dorothy é capturada e seus amigos invadem a fortaleza da bruxa para salvá-la.



Por fim, só resta à garota suportar uma vida de escravidão à frente, até que a broaca má do Oeste lhe rouba um dos sapatinhos. Dorothy fica com raiva e joga um balde de água nela. A broaca derrete e morre.
É isso, nenhum plano, nenhum ato de heroismo, só o acaso de que a bruxa tinha uma kriptonita comum como água.

E eu reclamando do final de Sinais... Bom, esse filme é uma bosta mesmo, mas ainda assim, tão divertido de uma forma não intencional!

Bom, uma vez livre da filha-da-puta, Dorothy resgata seus amigos e os quatro vão tirar satisfações com Oz, prometendo varrer o chão com a bunda dele, caso não conceda o que pediram depois de enfrentarem tantas dificuldades.

Como era de se esperar, o mágico pede que eles voltem amanhã, o que faz o grupo invadir o biombo onde se escondia, descobrindo que o Grande Mágico de OZ é na verdade...

O Mister Magoo!!!


  
Claro, ele não era o Mister Magoo de verdade, mas sim alguém com tanta capacidade física quanto ele. Estupefatos e mais que irados, os amigos ouvem a explicação do homenzinho, que no passado havia sido um artista circense, mas que veio parar em Oz quando seu balão voou pra longe e ele perdeu o controle da navegação.
    
Assim, ao ver-se perdido numa terra de aberrações mutantes ele teve de fingir-se de Grande Mágico, pois do contrário as bruxas Más palitariam seus dentes com ele.
Ao saberem disso, os quatro amigos se entristecem mais uma vez, por imaginarem que agora mesmo não terão nada do que sonhavam, mais ou menos como nós mesmos ao vermos nossos contra-cheques no fim do mês. Quanto a isso, o mágico responde à cada um, começando pelo Espantalho:

"Você não precisa de um cérebro, a cada dia você aprende uma coisa nova. Um bebê tem cérebro, mas não sabe muita coisa. A experiência é a única coisa que traz conhecimento, e quanto mais tempo você passa na terra, mais experiência você acumula."

Ao Leão Covarde: "Eu sei que você tem muita coragem, só precisa é de confiança em si mesmo. Não existe criatura viva que não sinta medo quando se vê diante do perigo. A verdadeira coragem consiste em enfrentar esse mesmo medo, e esse tipo de coragem você tem de sobra."
 
Ao Homem de Lata: "Ora, acho um engano você querer um coração. Ele só traz infelicidade para a maioria das pessoas. Se você soubesse como tem sorte por não possuir um..."

A Dorothy ele pede um ou dois dias para pensar sobre como fará para mandá-la de volta ao Kansas. De qualquer forma, todos os quatro retornam no dia seguinte, quando o mágico lhes dá bugigangas que provem seu discurso sobre suas capacidades de uma vez por todas. Assim, o Espantalho massaroca de trigo por dentro da cabeça, o Homem de Lata recebe um coração feito de seda e recheado com serragem e o Leão recebe um líquido de um frasquinho, que o homem diz ser coragem, mas eu imagino que seja outra coisa:

   
Assim, só falta Dorothy e Totó, que acabam tendo que esperar um pouco mais, até o mágico lhe entrega seu próprio balão, se comprometendo a pilotá-lo e levar Dorothy de volta pra casa. O Espantalho é nomeado para ficar governando no lugar de Oz, o que prova que não é necessário muita coisa para se estar nesse cargo.

Eis que o Mágico Mister Magoo de Oz perde novamente o controle do balão e sai voando antes que Dorothy pudesse sequer ter embarcado. Puta que pariu você, mister magoo.
E Dorothy chora amargamente, até que alguém lhe sugere ir até Glinda, a bruxa boa do Norte, o que eles conseguem, depois de mais situações absurdas. Sério, eu pensei muito em desistir de escrever o artigo nessa parte, diante de tanta enrolação. A vilã principal já morreu e tudo o que vem depois é tanta encheção de linguiça que daria duas novelas do Walcyr Carrasco e uma da Glória Perez.





Por fim, eles chegam à Glinda, que explica à Dorothy que ela só precisava bater com os calcanhares três vezes para voltar pra casa.
 ...

Se eu fosse a Dorothy, estaria puta da vida, mas como a garotinha é muito boa, não está nem aí de ter tido essa informação tão importante escondida dela, e se despede dos amigos, segurando Totó nos braços e desejando finalmente:  
 
    

"Me leve pra casa, pra tia Em!"

"Instantaneamente, ela estava rodopiando pelo ar, tão levemente que tudo que ela podia ver ou sentir era o vento passando por suas orelhas. Os sapatinhos prateados deram apenas três passos e daí ela parou, tão de repente que ela rolou pela grama várias vezes antes de saber onde estava.

Tia Em  tinha acabado de vir de dentro da casa para regar os repolhos quando ela olhou e viu Dorothy correndo em sua direção.
"Minha querida criança!" ela gritou, envolvendo a pequena em seus braços e cobrindo sua face de beijos. "De que canto você veio?"
"Da terra de Oz." disse Dorothy, seriamente. "E aqui está Toto, também. Oh, tia Em! Estou tão feliz por estar em casa de novo!"


 Hum... Estranho, se nada disso foi um sonho, então como é que a tia Em saiu de dentro de casa, se a casa ainda estava em Oz? Teria tudo sido mesmo um sonho como no filme, ou...

Bom, fora as especulações, o que importa é que no fim, Dorothy voltou pra casa com uma importante lição aprendida:

FIQUE LONGE DE TORNADOS!!!






Minhas impressões:

Foi uma leitura divertida, com boas descrições vívidas e simples para se ler a uma criança, apesar de duvidar que haja alguma com paciência para leituras nos dias de hoje. Os personagens e suas falas são o que há de melhor no livro, além de toda a criatividade que existe aqui, nada a dever para coisas como o Sítio do Picapau Amarelo. O único problema para mim foi a duração do livro e o ritmo. Em vários momentos, as situações pareciam que não terminavam nunca, mas quando se lembra que esse livro foi escrito em 1900, uma época em que uma das poucas diversões disponíveis era a leitura. E não, diferente de certos "críticos amantes da sagrada leitura" por aí, eu não considero essa uma época melhor para a literatura, porque as pessoas eram mais "cultas" (leia-se, obrigadas a lerem mais por falta de opção.). Não, eu acho que não é o modo como você se diverte que te torna mais ou menos culto, mas sim o que você extrai da experiência, sendo ela videogame, um filme, ou uma tarde com alguém especial. E com isso, eu digo que se foi um pouco tedioso em algumas partes, valeu imensamente em outras.

Como ainda não tenho material para próxima resenha, teremos um artigo diferente semana que vem, então aguardem-me para juntos presenciarmos o horror supremo das Piores capas de livros já feitas!

Isso é tudo por hoje, pessoal!