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sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Mês do Halloween- Os livros mais assustadores que eu já li




Olá, futuros sobreviventes do apocalipse! Como vão?

O quê eu estou sendo pessimista demais? Desculpem, é que numa época em que vemos dois presidentes de superpotências atômicas trocando xingamentos como "gordinho maluco" e "velho gagá", eu não posso esperar muito mesmo...

Bom, enquanto o fim do mundo não chega, o natural seria prosseguirmos com a resenha da vez que seria Alice no País das Maravilhas, mas ocorreu um problema chamado "falta de vontade de ler esse livro", algo que acontece sempre que eu me forço a ler algo que todo mundo adora.

A Sombra do Vento, num sebo perto de você...


Como já expliquei no primeiro artigo aqui, geralmente eu preciso gostar de um livro desde o início. Do contrário, eu avanço a contragosto, pulando páginas até um ponto em que eu simplesmente perco o interesse. O exemplo mais recente disso foi com "O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares". Veja bem, eu adoro qualquer coisa que tenha relação com a Segunda Guerra Mundial (e nisso eu digo filmes, documentários, livros, não mortes, bombas e fome...) então a premissa de um grupo de crianças fantásticas e sua tutora que se transforma em passarinho e tem que sempre atrasar um relógio mágico pra impedir que todos sejam bombardeados e mortos me soava encantadoramente melancólica. Se pelo menos isso não demorasse cinco malditos capítulos....

"Qual é, você esperou seis livros pra saber como o Valdemar morria!"


Mas voltando ao assunto, eu até comecei a ler Alice, mas no meio tempo entre o meu tcc e essa resenha, eu retomei o trabalho de editar o meu livro, o Dois Pais. Sim, porque além de vários deslizes na escrita, essa bagaça tem buracos no enredo por onde passariam uma carreta, então eu acho que devo isso aos pobres coitados que baixaram ele de graça e aos dois pobres mais coitados ainda que compraram o livro.

"Ain, e porque você não fez isso antes?"
Por que eu fui besta, tá bom. Acontece com muito escritor novato, porque sendo sincera, escrever um livro (ou fazer qualquer coisa artística) é uma experiência que te deixa ora destruído, ora inebriado. E quando se fica inebriado, as pessoas tomam decisões que não tomariam em suas plenas faculdades mentais. A gente acha até que pode ganhar um concurso com um livro que não passou por um revisor, veja só...

O que eu quero dizer é que não vou fazer a resenha da Alice. Talvez no mês que vem, porque agora estamos no mês de outubro, e como eu sou uma pessoa sem originalidade que segue os padrões internéticos, vamos falar de...

TERROOOOR!!!!!
E LIVROOOOS!!!
TERROR COM LIVROOOS!!!! 
LIVROS DE TERROOOOOOR!!!!

Ou melhor dizendo, livros que me assustaram tanto que eu tive que dormir com todas as luzes de casa acesas. Vamos lá!





 Livro de Folclore cujo título não me lembro

Acontece que esse livro é muito antigo e eu só li ele algumas vezes na escola, não tenho mais certeza qual era o título, mas essa capa me pareceu familiar, então...

E antes que venham chiar que folclore brasileiro não tem nada a ver com o Dia das Bruxas, eu digo que o título é "livros assustadores que eu já li". Se um livro de receitas me parecer assustador o bastante, garanto que você o encontrará aqui.

Bem, eu tenho que concordar que em termos lendas assustadoras, o Brasil não é bem um exemplo. A coisa mais assustadora que temos por aqui são as eleições de 2018, mas a verdade é que somos um tanto ignorantes quanto aos monstros e horrores supremos que habitam as profundezas das estantes escolares, como:

Pé-de-Garrafa





Sério, olha essa porra
Olha. essa. porra; 
OLHA ESSA PORRA

O Pé-de Garrafa é o fantasma de um pinguço. que tem pé. de garrafa. Se isso não é criatividade, eu não sei mais o que é, mas atentem para a ilustração de cordel: o momento que eu bati o olhos nesse troço, jurei ser abstêmia pelo resto da vida.

Matinta Pereira



 
A Matinta Perera, ou Rasga Mortalha, é um espírito que assombra as tribos indígenas do norte do Brasil e que se transforma numa coruja à noite. Segundo os índios, ela aparece para as pessoas que estão prestes a morrer, anunciando a morte do coitado com um piado agudo e triste.
Tá, não é exatamente assustador, mas eu morria de medo que um pássaro desses realmente existisse e pior, que aparecesse.

Mas nada se compara com o terror provocado por ela: Tereza Bicuda


"Isso fazia parte do currículo escolar?!"

Eu sei que o nome parece idiota, mas não se enganem: tem uma mulher pegando fogo nessa capa. Eu, sendo uma criança muito besta, pensei "Ah, vou ver qual que é." 
Deus, eu passei o dia inteiro agarrada com esse livro, e depois ainda a noite, o que não foi uma boa escolha. Esse livro era um dos que viviam na prateleira da minha sala de aula da terceira ou quarta série. As crianças da minha turma achavam que o livro era coisa do capeta, inclusive. Uma professora sugeriu tirá-lo da sala pouco depois de eu ter pego emprestado, e depois de ter lido eu meio que concordei com ela...

Veja bem, eu não sou o tipo de pessoa que acha bom adocicar a vida pras crianças. Eu cresci com filmes cheios de violência e sexo quase explícito, como era o padrão da década de 80 a 90. Caramba, filmes da Disney são campeões em dar sustos, vejam:









Apesar de todo o meu currículo, eu me caguei de medo com a Tereza Bicuda. Vejamos:
Trata-se da lenda de uma moça beiçuda (daí o nome) que, de tão má, põe arreios de cavalo na própria mãe e sai montando ela pelas ruas. 
Sim, porque é isso o acontece quando não se dá limites a uma criança...

Ela também não gostava de igrejas, não ia às missas e murmurava palavrões baixinho sempre que passava por uma, fato que levava as pessoas da cidade a acreditarem que a moça devia estar possuída pelo diabo. 

Até essa parte, eu lembro de ter simpatizado com ela, apesar de tudo. Acho que era um prenúncio da minha vida agnóstica, mas antes que eu começasse a torcer pela Tereza, temos essa ilustração:


Essa cria de Satanás é a Tereza Bicuda, aparecendo depois de uma procissão; estava tudo muito escuro e os fiéis iam levando suas velas e distribuindo elas aos passantes. Uma moça ganha uma vela muito peculiar da bruxa: uma vela que, por mais que queime, não derrete. Segundo a mulher aparentemente bem intencionada, a vela realizaria o desejo da moça, que a leva embora pra casa, no escuro, toda feliz. 

Eis que quando o dia clareia, a coitada descobre que não se tratava de uma vela, mas de um ossinho de defunto!
Caralho, eu quase joguei o livro no chão nessa hora...
E o pior é que a história não acabava aí, porque a filha-da-puta da Tereza Bicuda morria um dia, e como coisa ruim assombra mesmo depois que morre, o fantasma dela percorria as ruas, assustando e tentando montar em quem atravessasse seu caminho... Os moradores acabam obrigados a retirar o corpo da lazarenta de onde ele estava enterrado, na Igreja, e o jogam num morro, onde ele cai e se despedaça... o livro ainda faz questão de narrar a trajetória dele por um rio, onde dizem,Tereza assombra até hoje...

E  tudo isso aprovado por algum pedagogo maldito pra fazer parte dos nossos pesadelos!!! Mwahahaha!!!


Sherlock Holmes e o cão dos Baskervilles



 
Esse é dos casos onde o livro me ganhou só pela capa.
Sério, esse livro poderia se chamar "Sherlock Holmes e o Cão do Capiroto".Seria um título bem melhor.

Na época, minha tia-avó vendia produtos da Avon, então ela sempre vinha pra nossa casa mostrar as revistas. Numa dessas vindas, tinha no catálogo uns quatro livros dessa coleção de histórias do Sherlock. E qual que eu escolhi? Exato, a capa com um cão infernal. 

Demorou um pouco mais pra me interessar também pelo conteúdo do livro, mas assim que eu engrenei a leitura, terminei em três dias. Sabe aquele livro que a gente não larga até terminar? Foi a leitura mais rápida e mais sensacional da minha vida. 

Enfim, esse não é um livro de terror, apesar do gênero aparecer mesclado com o mistério e o suspense geralmente presentes nas histórias do detetive da Baker Street. O enredo aqui é o de sempre: alguém chega com um mistério para Holmes e o doutor Watson investigarem, com a diferença de que, desta vez, uma aura sobrenatural envolve o crime, que é a lenda desse terrível cão que persegue a família chamada Baskerville há gerações. 

A parte em que a lenda é narrada é a melhor:



“Tinham andado dois ou três quilômetros quando encontraram um dos pastores noturnos. Gritaram-lhe, perguntando se vira a caçada. O homem, conforme reza a história, estava tão apavorado que mal podia falar, mas finalmente contou que realmente vira a infeliz donzela com os cães no seu encalço. ‘Vi mais do que isso’, prosseguiu. ‘Hugo de Baskerville passou por mim na égua negra, e atrás dele corria, silencioso, um cão do inferno, tal como espero que Deus jamais permita que venha atrás de mim!’

“Os cavaleiros, bêbados, amaldiçoaram o pastor e continuaram. Mas logo sentiram o sangue gelar-se-lhes nas veias, pois ouviram um som de galope pela charneca, e a égua negra, salpicada de espuma, passou por eles com as rédeas soltas e a sela vazia. Os homens cavalgaram então lado a lado, pois estavam possuídos pelo medo; seguiram ainda pelo campo, se bem que cada um deles, se estivesse só, teria virado o cavalo para dali fugir o mais depressa possível. Cavalgando devagar, finalmente encontraram os cães. Embora conhecidos pela sua coragem e raça, agora ganiam numa moitinha no topo de um declive, alguns tentando escapulir e outros fitando, de olhos arregalados, o vale lá embaixo.

“Os cavaleiros tinham parado, e, como bem podeis imaginar, estavam mais lúcidos do que quando haviam partido. A maior parte não queria por nada avançar, mas três deles, os mais ousados ou, talvez, os mais bêbados, adiantaram-se para o declive. O caminho alargava-se no ponto onde estão aquelas duas grandes pedras que hoje ainda podem ser vistas, e que lá foram postas por gente já esquecida, dos velhos tempos. A lua brilhava na clareira, mas ali no centro estava a infeliz jovem, no ponto onde caíra morta de medo de fadiga. Mas não foi o fato de ver o seu corpo, nem tampouco o corpo de Hugo Baskerville a seu lado, que fez com que se arrepiassem os cabelos daqueles fanfarrões, e sim porque em cima de Hugo, puxando-lhe a garganta, estava urna coisa asquerosa, um animal negro e enorme, que parecia um sabujo e, no entanto, era maior do que qualquer cão de caça já visto. O bicho rasgou a garganta de Hugo, e, quando se virou para os outros, de olhos reluzentes e mandíbulas sangrentas, os três gritaram de medo e partiram desabaladamente, ainda aos berros, pelo campo afora. Um deles, ao que dizem, morreu naquela mesma noite, e os outros dois ficaram com a saúde arruinada até o fim da vida."


Próximo!


Misery- Louca Obsessão
 

Ah, Stephen King... O homem capaz de fazer máquinas de passar roupa e caminhões parecerem coisas criadas por satanás. Claro que uma hora iria chegar a vez de retratar o maior medo de grandes escritores, além de ter um bloqueio criativo: ser ameaçado por um fã homicida.

Paul Sheldon é um escritor famoso que acaba de terminar sua série de livros com a personagem Misery, quando sofre um acidente de carro e acaba resgatado por Anne Wilkes, sua MAIOR FÃ. A partir daí, a coisa desengrena para um cenário típico de sequestro, ameaças e machados, ou seja, diversão para toda a família.

Brincadeiras à parte, eu já tinha visto o filmes antes do livro, então eu sabia mais ou menos o que iria acontecer na história, mas eu tenho que dizer que mesmo assim, essa leitura me deixou com o estômago embrulhado, além daquela sensação incômoda de que aquela vizinha, ou aquela pessoa sorridente que você vê de vez em quando, ela bem poderia ser uma psicopata... O pior de tudo é que não precisa pensar muito pra se lembrar de casos  em que pessoas que se diziam fãs de alguém cometeram atrocidades, por razões incompreensíveis.


Em 1996, Ricardo López, então com 21 anos, começou a documentar o que ele chamava de "Sua vida, sua arte e seus planos". Ele era obcecado pela cantora islandesa Björk, mas seu "amor" logo se transformou em ódio ao saber do namoro dela com o também músico, Goldie. Cheio de ódio, o jovem decidiu que mataria a cantora, e para isso, desenvolveu uma "carta bomba" semelhante a um livro, que explodiria ácido sulfúrico assim que alguém o abrisse. Felizmente, o pacote foi interceptado pela polícia antes de chegar ao seu destino, e o criminoso se suicidou na frente de sua câmera caseira, deixando registradas em vídeo as quase 18 horas em que descreve sua obsessão com a cantora, seus planos de vingança e observações racistas contra o namorado dela.   


Apesar de não ter sofrido lesões físicas, a cantora disse em entrevista que  o incidente a traumatizou a ponto dela não conseguir dormir por uma semana.

 
Rodrigo Augusto de Pádua perseguiu e ameaçou Anna Hickmann e familiares dela num quarto de hotel
 

Se tem uma coisa que podemos tirar desses eventos trágicos é que monstros se escondem e habitam diversos disfarces. Nem sempre é fácil reconhecê-los, por isso, há que se ter as devidas precauções, pois nunca se sabe onde o perigo nos espreita até nos darmos conta, e daí pode ser tarde demais.  

Bom, é isso. Desculpem se essa última parte do artigo soou muito perturbadora, mas acho que existe a hora de fazer piadas e a hora de prestar um alerta a assuntos que merecem nossa seriedade e consideração.

E no próximo artigo, teremos uma mesa onde é sempre hora do chá. Pena que eu detesto chá...


Até!